maio 30, 2010

Terminando o primeiro trimestre

Amanhã, 31 de maio, encerra o primeiro trimestre na Escola. Na sexta-feira fizemos o conselho de classe. Alguns dados do conselho: tenho duas alunas em atendimento neurológico e uma terceira está sendo encaminhada para avaliação no NASCA (Núcleo de Atenção e a Saúde da Criança e do Adolescente), pois ela está com dez anos e ainda não reconhece as letras e pelos pressupostos teóricos de Emilia Ferreiro e Ana Teberoski, está no nível pré-silábico.

A criança está constantemente pensando sobre seu objeto de aprendizagem - a língua escrita. Quando instigada ou estimulada a conferir suas hipóteses, a criança vive o chamado ‘conflito cognitivo’. Nesse processo, ela pode mudar sua hipótese e transformá-la num outro conceito, mais amplo e mais complexo". Tenho me empenhado bastante para interferir na escrita das alunas e dos alunos, pois “a passagem de uma hipótese para a outra é gradual e depende muito das intervenções feitas pelo professor”.


Os níveis em que se encontram meus alunos e minhas alunas do segundo ano, turma C.




Referência

PSICOGÊNESE da escrita. In: Letra A: o jornal do alfabetizador. CEALE, Belo Horizonte, p. 4, v.1, ago/set. 2005.

maio 24, 2010

Trabalhar em Grupos...

Trabalhar com as alunas e os alunos em grupo...

Trabalham cooperativamente ou simplesmente trabalham agrupados?

Esta é a visão das pessoas que observam minha turma trabalhando, simplesmente trabalham agrupados, pois não há cooperação, tolerância, solidariedade e aceitação das diferenças.

Para mudar isto, no início da aula, sentamos em círculo com as cadeiras para conversar (refletir) sobre o trabalho em grupo. Perguntei se gostavam, o que pensavam a respeito e qual era a importância de trabalharmos desta maneira. Todas as crianças têm clara a ideia de cooperação.

A experiência que farei nesta semana para ver se a turma conseguirá trabalhar cooperativamente em grupo, é sobre a Copa/2010.

Hoje trabalhamos com um texto informativo e na hora de realizar as atividades propostas - pintar as bandeiras de alguns países e o mascote Zakumi - as crianças tiveram que recorrer ao álbum de figurinhas que os meninos estão colecionando.

Todos os dias quatro meninos trazem seus álbuns para a sala de aula, mas justamente hoje que nós precisamos, só um aluno trouxe e mesmo assim houve cooperação entre os membros dos grupos. O menino dizia as cores da bandeira da Itália, por exemplo, e cada aluno ia dizendo pro seu grupo e ajudando quem não havia escutado.

Colamos os mascotes em volta do mapa da África do Sul para enfeitar o mural do saguão da Escola.
Trabalhar em grupo é importante para mim, pois acredito que facilita a aprendizagem. Quando uma criança não entende uma determinada atividade, vejo os colegas de grupo ajudando, orientando. Trabalho desta forma há mais de treze anos. Sei que há cooperação entre as crianças.
O que está faltando em minha turma é um trabalho mais aprofundado sobre as diferenças, o respeito e a aceitação das mesmas.

maio 21, 2010

Parando para tentar "acertar"...

Está na hora de parar!!! Tudo está errado...

Ontem uma aluna chamou um colega de "negrinho da vila".

Minha sala de aula as vezes parece um campo de batalha. O recreio é um verdadeiro inferno. As crianças não conseguem, mesmo que elas queiram, trabalhar em grupo.

Não costumo sair da sala de aula, mas hoje tive que ir à secretaria verificar um documento e quando estava voltando, ouvi os gritos das crianças e vi alguns alunos correndo e outros falando "lá vem a professora".

Lembrando o que Liseane Camargo escreveu "A regra precisa ser conhecida e debatida pela criança e compreendida dentro de um ou mais contexto moral. Se a regra estiver sempre associada à presença da autoridade e à punição ou recompensa da atitude, as crianças passam a considerar que, na ausência do professor, a regra perde a validade." E foi isto que eu percebi. As crianças, longe dos olhos dos adultos, longe da autoridade nem lembram que existem regras.

A professora orientadora Neusa Chaves Batista escreveu, após observar minha turma o seguinte comentário: " No meu entendimento as crianças/alunos(as) da tua turma ainda não conhecem o sentido de trabalhar em grupo de modo cooperativo. Entendo que este sentido deve ser trabalhado antes/durante a proposição de práticas pedagógicas inovadoras, pois, a maioria destas práticas estão calcadas em princípios como a participação, cooperação, colaboração (entre escola-aluno, aluno-aluno, aluno-professor, escola-comunidade).Trabalhar com os alunos/as estes princípios os auxília a compreender a dinâmica das relações sociais nos diversos espaços de construção de sociabilidades (dentre estes a escola), possibilitando-lhes o desenvolvimento de princípios e valores como solidariedade, cooperação, tolerência e aceitação das diferenças (etnia, raça, gênero, classe social, religião...)."
Continuo lendo sobre a moralidade na escola (Desenvolvimento moral segundo Piaget) para entender o comportamento das(os) alunas(os) dentro da sala de aula.

Vamos trabalhar na semana seguinte a copa do mundo 2010 e acho que é uma excelente oportunidade para trabalhar a diversidade.

Referência
CAMARGO, Liseane Silveira. Reflexões sobre a moralidade na escola. Artigo baseado em dissertação de Mestrado.
Disponível em:
http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=370
acesso em 21 de maio de 2010

maio 15, 2010

Conflitos: limites - violência

Tem sido muito difícil conseguir manter o interesse dos alunos e das alunas o tempo todo. Diariamente as crianças brigam agredindo-se violentamente. Em alguns momentos eu fico sem saber como agir, em outros simplesmente retiro-os da sala de aula. Isto tem me angustiado muito, além da preocupação com o desenvolvimento cognitivo da turma.

À noite, quando não consigo dormir pensando nos acontecimentos do dia, tenho algumas ideias e na noite passada lembrei-me da interdisciplina do sétimo semestre Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II e nos textos que tratavam exatamente sobre as questões de limite, moralidade e violência na escola.
Percebo que "Nossa sociedade precisa de cidadãos autônomos capazes de pensar, e não apenas de obedecer a regras preestabelecidas" (PIAGET, 1996, p. 32) e para poder ajudar minha turma começo a reler os textos disponibilizados na biblioteca da interdisciplina.

maio 07, 2010

Quarta Semana

Quando mostrei a música que escolhi para trabalhar durante esta semana e homenagear as mães, todas as crianças gritaram de alegria e já saíram cantando. Todas conheciam a música e sabiam cantar. Em algumas partes se atrapalhavam, mas logo se orientavam e seguiam cantando. No final da semana, mais precisamente na quinta e sexta-feira, os meninos já não aguentavam mais escutar esta música. Ensaiamos duas vezes na quinta-feira e na sexta-feira nos preparamos, arrumamos a sala para receber as mães. Lhes oferecemos refrigerantes e bolachas com o troco do dinheiro arrecadado para comprar as toalhas e as tintas de tecido. Foi bem simples a festinha, mas todas as mães ficaram contentes com a performance de seus filhos e filhas.

Digitei a letra da música e fiz cartões móveis para as crianças montarem o texto. Como a música é longa, várias crianças cansaram logo e se desinteressaram, contei com a juda dos meninos para terminar de montar o painel. Na hora de confeccionar as figuras para ilustrar a música e colar no lugar, todos participaram entusiasmadamente.

Hoje várias mães comentaram que notam a diferença na hora de fazer o tema de casa. Seus filhos não conseguiam realizar as atividades sozinhos. Atualmente as crianças fazem o dever de casa sozinhas e sem reclamar por estarem cansados ou com preguiça.

maio 06, 2010

Repetição

Estamos ouvindo, trabalhando com a letra da música "Fico assim sem você", cantada por Adriana Calcanhotto, e ensaiando para homenagear as mães na sexta-feira, dia 07/05/2010.

As crianças adoram esta música, todas cantam entusiasmadas, mas tem uma meia dúzia de alunas que pede: "de novo, de novo!!!" e os outros alunos já não aguentam mais. Hoje, no final da tarde, foi a gota d'água. Os dez meninos foram unânimes, não querem mais ouvir esta música, já estão cansados. Fizeram eu prometer que amanhã não haverá ensaio, só cantarão na hora em que as mães chegarem e ponto final.




Os meninos estão "alucinados" com a nova febre: álbuns de figurinhas da Copa.

Vou aproveitar esta "febre", mas ainda não sei bem o que fazer. Estou pensando...

maio 01, 2010

Construindo os números

Como a semana que vem antecede o dia das mães, combinamos de não usarmos literatura, mas uma música para homenageá-las.

As crianças, nesta terceira semana, estão mais dispostas a escrever. Digo isto porque na primeira semana não tinham segurança para escrever, achavam que não sabiam e não tentavam, outros tinham medo de “errar” por serem repetentes e ouvirem da professora do ano passado: “está errado e não é assim que se escreve!” Escrevem e correm para me mostrar. Seus olhos brilham quando digo que é assim que se escreve, mesmo quando questiono se está faltando alguma letra e peço que leiam até descobrirem qual está faltando para chegar à grafia correta.

No primeiro dia desta semana conversamos sobre o sonho que cada um tinha de ser quando crescesse. Pedi que escrevessem o seu sonho no caderno. Todos escreveram. Ao longo da semana trabalhamos as palavras da história (Pelegrino & Petrônio) e as dos sonhos que foram listadas, surgindo, assim, um número bem maior de palavras.

Comentei com as crianças que tenho uma coleção de tampinhas de garrafas e perguntei se gostariam de colaborar trazendo mais tampinhas durante a semana. A coleção aumentou consideravelmente e combinamos que a caixa de contagem ficaria na sala de aula para nos auxiliar na construção dos números, pois a maioria das crianças não consegue representar os números além do dez. Tenho usado a numeração das linhas do texto e das palavras nas frases para contar, grafar e discutir com a turma os antecessores e sucessores. Na sexta-feira construímos uma tabela no caderno com os números de 1 a 30 e percebi que a maioria tem dificuldade na representação, então nas próximas semanas usaremos as tampinhas até que todos consigam entender e representar os números.